"Há um momento do dia que tenta reservar para si mesma, mais concretamente as primeiras duas horas depois do turno. Seja de manhã ou de noite, o ritual é o mesmo. Enche a banheira e acende uma vela no rebordo. Depois despe o uniforme hospitalar, peça a peça, sempre com cuidado para seguir a ordem certa, porque, se houver um engano na sequência, vai ter de se vestir outra vez e recomeçar do princípio. Estendida dentro de água morna, enquanto a luz na casa de banho vai mudando, ela consegue muitas vezes esquecer-se de si mesma por uns minutos. Ou então tornar-se tão completamente ela mesma que tudo o resto fica em suspenso, incluindo o dia comprido e difícil que deixou para trás. Mas esta noite ela está inquieta, algo não bate certo no coração das coisas."
Damon Galgut, "A Promessa", Relógio d' Água.
Sem comentários:
Enviar um comentário