"Durante um tempo, a Crítica acompanha a Obra, depois a Critica desvanece-se e são os Leitores quem a acompanha. A viagem pode ser longa ou curta. Depois os Leitores morrem um por um e a Obra continua só, ainda que outra Crítica e outros Leitores pouco a pouco vão acompanhando o seu percurso. Depois a Crítica morre outra vez e os Leitores morrem outra vez e sobre este rasto de ossos a Obra segue a sua viagem para a solidão. Aproximar-se dela, navegar no seu rasto é sinal inequívoco de morte certa, mas outra Crítica e outros Leitores se aproximam dela, incansáveis e implacáveis, e o tempo e a velocidade devoram-nos. Por fim, a Obra viaja irremediavelmente sozinha na Imensidão. E um dia a Obra morre, como morrem todas as coisas, como se extinguirá o Sol e a Terra, o Sistema Solar e a Galáxia e a mais secreta memória dos homens."
Roberto Bolano, "Os Detectives Selvagens"
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